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Projeto aprovado no edital 004/2018 de Coletivos Artisticos Juvenis para Circulação da performance "Ciclos Sentidos ou Cartas Crônicas Escritores Anônimos" nas escolas Liceu Muniz Freire, Agostinho Simonato e Claudionor Ribeiro e em espaços públicos como A Casa dos Bragas, a Praça de Fátima e Jerônimo Monteiro.
Site: https://ciclossentidos.nosdeteatro.art.br/ https://ciclossentidos.nosdeteatro.art.br/
Descrição
Objetiva-se realizar uma circulação da performance “Ciclos Sentidos ou Cartas Crônicas, Escritores Anônimos” em Cachoeiro de Itapemirim, ocupando 2 praças, 3 escolas do ensino médio públicas, e a Casa dos Braga, em prol da disseminação das crônicas de Rubem Braga e incentivo a leitura.A Performance surgiu na VII Bienal Rubem Braga, onde apresentamos durante 4 dias da programação. Lá pudemos perceber o impacto que a mesma tem no público, que é cativado através da curiosidade, como muitos relatam. Ela busca tirar o público de seu cotidiano, rompendo a rotina, para refletir sobre a cotidianidade assim como fazia Rubem Braga. Acreditamos que instalar a performance nos espaços citados acima seja um meio de inferir no público Cachoeirense, com um produto cultural que fale da própria cidade e pessoas. Promovendo uma experiência, única e acessível a todos.
Sobre a PERFORMANCE: Certa vez, o filósofo Bauman disse algo como: “a vida se constitui no ato de contar histórias”, diria que a arte também, por mais abstrata que seja uma obra artística, ela comumente será associada a uma narrativa, pois a arte existe a serviço da humanidade, e a vida (do homem) se constitui de histórias. Então, a arte mesmo sem intenção acaba por contar histórias, mesmo que só aos olhos do espectador. Porém, dentre as muitas linguagens e gêneros artísticos existem os que mais se aproximam do real, que contam histórias através de uma comunicação simples, e chegam a parecer fragmentos da realidade, um desses gêneros é a crônica, especialidade do homem que inspirou este projeto, Rubem Braga. Em seus tempos que escrevia crônicas para jornais, Rubem relatou algo curioso que acontecia com seus leitores, o desejo pela interação e diálogo:
Recebo a carta de uma senhora evidentemente culta; uma carta de quem não deseja precisamente nada, a não ser contar sua insatisfação na vida. Quem escreve em jornal ou revista está habituado a esse tipo de correspondência; protegida pelo anonimato,uma pessoa que se sente solitária e triste vem entreabrir sua alminha para o cronista, numa vaga ânsia de compreensão e apoio. (BRAGA, 1997, p.111)
Essa aproximação entre arte e vida, leitor e escritor, parece trazer uma intimidade pertinente para a difusão da crônica, já que esta parte da vida para existir. Segundo o pai da crônica, isso é gerado pelo desejo de entendimento do leitor, que enxerga no cronista alguém que compartilha seus segredos íntimos e, portanto pode se comunicar com ele. A performance CICLO SENTIDOS, visa trazer esse sentimento entre performer e público-apreciador , onde estas funções se confundem. Inspirada na performance “The Artist is Present” de Marina Abramovic, buscamos uma interação íntima, onde o performer interage com uma pessoa por vez.
A performance será realizada em uma sala fechada (nas praças instalaremos uma tenda que atenda nossas necessidades). Do lado de fora teremos uma instalação, chamada de ÁRVORE DAS CRÔNICAS, com crônicas de Rubem e histórias anônimas penduradas. Escritas na linguagem comum e em braile, para atender deficientes visuais. A sala fechada é necessária para que possamos trabalhar a sensibilização do público através de uma experiência sensorial. O objetivo é estimular o público a se sentir à vontade para nos contar suas histórias. O público será encaminhado um a um, por uma assistente. Antes de entrar, a pessoa deve colocar uma venda para participar da experiência. Ao retirar a visão, buscamos ampliar os sentidos do tato, olfato e audição.
O primeiro estímulo será a TRILHA SONORA que roda sem interrupção, para isso foi escolhido “As Quatros Estações” de Vivaldi, por apontar uma diferença melódica que pode ampliar as sensações do público, e estimular sua imaginação, sem a visão o colocamos em um lugar de vulnerabilidade, se não vê, lhe resta imaginar. A trilha ininterrupta faz com que a experiência seja diferente a cada pessoa que entrar na sala, já que cada um vivenciará a música de uma forma. Sendo assim a primeira pessoa pode ser afetada de forma que a música lhe lembre um algo triste; outra pessoa pode lembrar-se de algo feliz, o que faz com que os relatos sejam diversificados em forma e conteúdo. A segunda etapa da experiência sensorial é através do TAPETE DE SENSAÇÕES que através do tato (e da vulnerabilidade, pois a pessoa continua vendada) aprimorar as sensações. O tapete será composto de elementos como água, areia, folhas, plástico bolha, etc. A assistente irá auxiliar até o fim do percurso para que não haja acidentes, e por fim levará a pessoa a se sentar em frente o performer que lhe espera para a última etapa. O performer conta uma história para a pessoa, todavia a história contada será a crônica de Braga, “As boas coisas da vida” para que o participante seja inserido na obra de Rubem e perceba que qualquer história pode ser transformada em crônica. A história será contada como um ato cotidiano, como se de fato tivesse acontecido com o performer, explicando apenas no final que se trata de uma crônica, transformando a “crônica em diálogo”. Em seguida, a assistente sai da sala. O performer irá pedir que a pessoa lhe conte uma história real de sua vida, a abordagem varia de pessoa para pessoa, tendo em vista a organicidade do acontecimento. Ao fim, ele pede para que a pessoa tire sua venda e então ela vê a sala na qual estava, e percebe que o performer também estava vendado, preservando o anonimato do público. Para finalizar, o performer estará com uma bala em cada mão, na direita uma azul e doce, na esquerda uma vermelha e amarga (referência a cena do filme “Matrix” (1999), dos Wachowski), o performer dirá ESCOLHA, para que a pessoa escolha uma, passando assim pelo sentido do paladar, completando o ciclo dos cinco sentidos.
O relato da pessoa será gravado, o performer perguntará: POSSO TRANSFORMAR SUA HISTÓRIA EM CRÔNICA? Caso a pessoa não permita, a gravação pode será apagada. Caso permita, sua história será adaptada, assinada como AUTOR ANÔNIMO e impressa, tornando-se uma nova folha da ÁRVORE DAS CRÔNICAS, se juntando a crônicas colhidas em outras vezes que a performance aconteceu. E assim o diálogo será transformado em crônica.
Antes da pessoa sair da sala, receberá a indicação para escolher uma das folhas da ÁRVORE DAS CRÔNICAS. O ciclo se repete, sempre na tentativa de sensibilizar o olhar sobre o dia-a-dia, a escrita, o escritor, a crônica e a leitura. As crônicas adentram também a internet, pois será criado um blog chamado AS OUTRAS COISAS DA VIDA, baseado na crônica já citada de Rubem, “As Boas Coisas da Vida”. Durante 365 dias, será postada uma crônica anônima ininterruptamente, esta será veiculada em outras mídias sociais como o Facebook e Instagram. Levando a literatura para estas plataformas. Como já tivemos mais de 300 pessoas que passaram pela performance, já temos crônicas suficiente para realizar esta ação. Acreditamos que estes são meios de aproximar a realidade da arte, a crônica do cotidiano, pois como disse Bauman, “a vida se constitui do ato de contar histórias.”
REFERÊNCIA: BRAGA, R. Acontece que Deus é grande. Um cartão de Paris. Rio de Janeiro: Record, 1997.